Ano de 1995, eu havia terminado meu colegial técnico em Desenho de Construção Civil no Liceu de Artes e Ofício, trabalhava em um escritório de arquitetura meio período e havia acabado de passar no vestibular para Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie.

 

Naquela época, primeiro desenhávamos à lápis em um papel vegetal, e se tudo estivesse correto deveríamos redesenhar com caneta Naquim e normógrafo.

 

Tenho até calafrios de relembrar o trabalho que dava quando eu precisava modificar a vista de um caixilho com venezianas que sofreu uma modificação.

 

Eu ficava inconformada com todo aquele tempo de vida perdido em coisas mecânicas e manuais. Era extremamente cansativo trabalhar, estudar e fazer todos os trabalhos da faculdade. Descansar e aproveitar os amigos nos finais de semana nem pensar.

 

Um dia, entre um xerox e outro de apostilas na copiadora do DAFAM (centro acadêmico de Arquitetura do Mackenzie), achei um anúncio para uma vaga de estágio em uma revenda Apple em São Paulo, para vender um software totalmente revolucionário para Arquitetos.

 

Não existia internet na época, o que existia era uma certa comunicação chamada BBS (Bulletin Board System) em 1995, via modem discado, mesmo antes do ICQ que surgiu em 1996 algo que eu não fazia ideia do que era porque eu não tinha computador e nem acesso a informações que não fosse através de Bibliotecas Públicas ou jornais.

 

Lembro de ter ficada maravilhada com o software, Archicad versão 4.55, cortes automáticos, 3D, render, filtros de scketch na renderização, mudança automática da documentação de vistas dos terríveis caixilhos com venezianas!!!  Para minha surpresa eu fui a estagiária contratada.

 

Na minha primeira semana minha chefe me trancou na sala de reunião com 1 computador Power Macintosh série 6200, o Archicad 4.55 instalado junto com um manual em inglês para eu ler e aprender sozinha.

 

 

Quando eu falava para meus amigos da Faculdade sobre esse software eu me sentia como um ser vindo do futuro, um E.T. tentando transmitir uma mensagem para mortais que achava tudo uma loucura. Eles tinham aula de informática no Autocad 13.

 

 

 

 

 

 

 

Eu apresentando o Archicad em feiras de informática na Bahia (1995).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eu apresentando meu projeto de Graduação feito no Archicad. Era uma proposta de urbanização e despoluição do Rio Pinheiros de São Paulo, tornando-o novamente navegável até pista de corrida de Fórmula 1 em Interlagos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Maquete de meu projeto criado no Archicad 5.1, mas montada a mão, com papel Paraná, cola e folhas plotadas camada por camada. Naquela época não existia o BIMx (1997).

 

Eu trabalhando meio período em um escritório de arquitetura que já usava o Archicad (1997).

 

Após formada eu queria ser uma arquiteta, comecei minha carreira Arquitetônica trabalhando em escritórios que usavam o software. A revenda Apple fechou, o Archicad passou a ser vendido pela Pini e só depois, muito depois teríamos a Graphisoft Brasil aqui em São Paulo.

 

 

 

 

Nesse meio tempo eu trabalhei em escritórios de arquitetura, e depois por conta própria como arquiteta autônoma.

 

O software me proporcionou o que eu queria; criar, modificar e documentar tudo sozinha, sem precisar contratar nenhum outro colaborador ou estagiário.

 

Eu queria poder fazer tudo, certo e rápido.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foi aí que a querida Isabel Sipahi criou o programa de treinadores certificados Graphisoft aqui no Brasil, eu me inscrevi na segunda turma e comecei a trabalhar também como treinadora certificada de Archicad.

 

A gata Lina Bo Bardi (mascote do escritório) participando de uma de minhas aulas para o escritório GAAZ Arquitetura.

 

E cada vez mais próxima da Graphisoft em 2020 a Isabel me convidou para fazer parte do time como contratada e ajudar na criação e coordenação de treinamentos.

 

Coordenei e criei a Formação Archicad Essencial Interiores com a ajuda de outros treinadores certificados.

 

Como treinadora de arquitetos, engenheiros, e estudantes de diversas idades pude perceber que cada um aprende e uma forma.

 

Alguns são novos e possuem habilidades com a tecnologia, possuem tempo para estudar mas não possuem experiência prática de obra ou de construção. Outros são mais experientes e as vezes com mais de 60 anos, muito conhecimento de obra, construção, arquitetura, mas pouca habilidade com tecnologia e pouco tempo para praticar. 

 

Alguns são auditivos, outros visuais e outros cinestésicos. Alguns gostam de treinamentos gravados sem interação, outros com treinador para sanar dúvidas específicas e criar um relacionamento com outros profissionais. Cada pessoa tem uma necessidade, e o mais incrível de tudo isso é que a Graphisoft está sempre pronta para escutar a necessidade de cada um e trabalha para ajudar com muito amor e carinho.

 

Foi por isso que em Março deste ano aceitei a proposta do Gustavo Carezzato (nosso diretor Latam) para o cargo de Customer Engagement Specialist e estou muito feliz em poder fazer parte dessa grande família.

 

Eu na Graphisoft Brasil (2022).

 

Com todos esses novos treinamentos gravados e com Treinador, Embaixadores do Archicad, programa voltado para estudantes, consultorias e Community; meu sonho está se realizando, um sonho de 27 anos atrás. Que só estará completo quando eu puder tirar uma foto na sede da Graphisoft na Hungria, e ganhar um autógrafo do nosso fundador Gábor Bojár.

 

Posso dizer que o Archicad corre em minhas veias. Não são 40 mas quase 30 anos de uma ótima relação. Me permite criar, aprender e ajudar as pessoas a terem mais tempo para o que realmente importa, a Vida!

 

Meu Museu Privado Graphisoft.

 

Para mim, Archicad é Vida! E que venha mais 30 anos!

Obrigada Graphisoft por fazer parte da minha vida e me ajudar a construí-la!!

 

Obrigada,

Celia Matsuda